A paisagem era a mesma de sempre, desfilava à minha frente todos os dias, sempre igual e sempre diferente: umas vezes cinzenta e coberta de nuvens carregadas, outras vezes clara e brilhante sob o inconfundível sol da manhã lisboeta, outras vezes pintada pelo vermelho derramado pelo sol baixo do fim da tarde. E, no entanto, parecia que a olhava pela primeira vez. Pela primeira vez me apercebia realmente das cores das casas, do azul do céu, da silhueta da ponte e da textura da superfície do rio, arrepiada pela brisa. Aquele rio, companheiro inseparável da cidade, sempre prostrado aos seus pés, ao pé do qual sempre vivi e para o qual todos os dias olho e vejo coisas diferentes.

Há dias assim, em que acordamos para ver o mundo de sempre de maneira diferente.

2 thoughts on “

  1. Não sei bem porquê, mas o google reader volta e meia mostra-me posts teus muito antigos como se fossem novas actualizações… e aqui vim eu parar! E gostei de ler. o teu blog devia ter um botão “ler artigo aleatório” =P

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