
(…) a cadeia de supermercados Continente, da Sonae, organiza a 16 de julho [junho] um novo mega piquenique no Terreiro do Paço, com a exposição de produtos hortícolas, de casas regionais e de animais, para “promover os produtos nacionais”, disse o vereador do Espaço Público, José Sá Fernandes.
Segundo o vereador, o Continente tem como contrapartidas a recuperação da estátua de D. José (…), no valor de cerca de 40 mil euros, e a cedência de valor semelhante noutras ações. Serão distribuídas também cerca de cinco toneladas de alimentos a instituições de solidariedade social da cidade.
“A Praça do Comércio é demasiado digna. (…) É uma praça que não pode ser cedida de ânimo leve para qualquer entidade fazer espetáculos com animais, vacas, porcos… Penso que não é digno de Lisboa que a praça seja assim alugada”, afirmou o vereador do PSD Vítor Gonçalves.
(…) Por sua vez, e ressalvando que não acha grave que “se vendam couves na Praça do Comércio”, o vereador da CDU, Rúben de Carvalho, salientou que a “razão fundamental” do evento “é o marketing daquela grande marca comercial” e que a Câmara de Lisboa é “pura e simplesmente o senhorio” do Terreiro do Paço.
O vereador do CDS António Carlos Monteiro admitiu compreender que “em determinada circunstância este tipo de eventos se realize junto à sede do Ministério da Agricultura”, até para “se demonstrar que a cidade não consegue viver sem o campo”.
(…) Manuel Salgado afirmou também que a escolha do Terreiro do Paço foi da Câmara e que “estes são bons eventos para a cidade“.
Por sua vez, o vereador da Mobilidade, Nunes da Silva, eleito pelo movimento Cidadãos Por Lisboa, afirmou o seu desacordo perante o projeto e sugeriu que a Câmara de Lisboa trabalhe sobre um novo regulamento para as atividades a ter lugar nos espaços públicos da cidade.
Oposição na câmara de Lisboa critica mega piquenique no Terreiro do Paço, IOnline 30/Maio/2012
Se uma empresa quisesse responsabilizar-se pelo restauro de um monumento no valor de 40 mil euros da minha Cidade Fictícia, financiar outras obras no mesmo valor, oferecer 5 toneladas de alimentos a quem tem fome e ainda oferecer um espetáculo gratuito para moradores e turistas da “minha cidade”, eu ficava mais do que feliz por autorizar a utilização de um espaço da cidade durante *um* dia num ano. Aliás, “emprestava” ruas inteiras às empresas que quisessem ajudar à recuperação duma cidade que a cada dia, e por falta de iniciativa e de verbas, perde um pouco mais do seu património histórico e do carácter que atrai milhares de turistas todos os anos.
Na “minha cidade” não haveria vergonha no facto de trazer porcos e vacas para a baixa numa comemoração da produção nacional, a agricultura seria aclamada, e todos se lembrariam que é graças a ela que têm comidinha deliciosa e bastante em conta no prato todos os dias.
Mas a minha cidade é fictícia… ;)